quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Elixir Delacroano contra ranço natalino

A Barca de Dante (Dante e Virgílio nos Infernos), 1822
Eugène Delacroix
Óleo sobre tela
189 x 241cm
Musée Du Louvre, Paris (França)
Nestes derradeiros e fugazes dias do ano de 2008, a sonata límbica tem sido o único acalanto.
Bem...não tão único assim visto que, Delacroix tornou-se um revigorante elixir contra os males gerados pelo efeito “Jingle Bells”.
Dante e Virgílio no Inferno nos faz esquecer por completo dessa esquizofrenia natalina.
Muito mais que deixar pra lá as baboseiras panetonescas, esta preciosa tela de Delacroix nos coloca diante da luta dos homens pela sobrevivência. Coincidentemente, lutar por sobreviver tem sido a principal atividade diária, o esporte mundial de todos nós, mortais contemporâneos. Portanto, esta obra-prima é bastante atual!
Cada figura dessa obra tem a sua presença singular e, no entanto, esse fato não atrapalha a unidade da composição. A teatralidade Delacroana é belíssima, é sem dúvida, a tradução pictórica de uma cena descrita por Dante.
No início do século XIX, os temas relacionados à passagem de Dante pelo Inferno eram bastante comuns nos trabalhos apresentados em Salões de Arte da França. Os reflexos da Revolução Francesa ainda influenciavam a vida social, política e econômica da França e conseqüentemente do resto da Europa.
É provável que a sensação predominante era de estar vivendo em pleno Inferno, e isto se refletia em todas ações humanas principalmente, na Arte.
Um fato interessante é que “A Barca de Dante” marcou a presença de um novo sentimento na pintura, surgia o Romantismo.
O que há de romântico na Barca Infernal de Dante? Talvez o desejo de salvação ou a mão de Virgílio que segura a mão de Dante.
Ou então, o ideal romântico esteja no Bleu, Blanc, Rouge presentes nas vestes do barqueiro, Virgílio e Dante, respectivamente. O sonho revolucionário de Liberté, Igualité, Fraternité, ambientado num cenário dantesco, retratado por uma paleta recém descoberta.
Quem sabe o romantismo não esteja na paleta usada por Delacroix? Iluminada e brilhante era a paleta usada por ele. Acredito que a cor é o que torna esta tela um marco romântico. Delacroix costumava dizer que: “O tema, a forma, a linha se dirigem primeiro ao pensamento; a cor não tem nenhum sentido para a inteligência, mas tem poder absoluto sobre a sensibilidade.”
Independentes das interpretações e explicações que tentemos dar a esta obra, longe de tudo isso, libertos de qualquer senso crítico ou estilístico, ela prevalece como um elixir ao som de uma sonata límbica...esse é o seu papel num dia como o de hoje, de Festa!


quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Mensagem aos navegantes

Esta pequena porção da blogosfera será o território dominado pelos caprichos e devaneios de um recém-nascido ente artístico.
Ao som extasiado de uma Lira Límbica, serão afixados seus pensamentos, seus trabalhos como artistas, fatos de seus cotidianos (muitas vezes límbico, entre tantos outros elementos que compõem suas essências artísticas carnais e espirituais).
A Arte, solo cultivado pelos artistas, fulgura como uma entronização entrópica, ou seja, a Arte é uma espécie de entropia elevada, uma energia entroneada que sacraliza e dessacraliza.
Bem-vindos (as) sejam aqueles que pretendem apreciar, questionar e devorar, sem moderação, este singelo registro de duas existências.