Anthus da Geb
Acrílica sobre papel
Julho de 2007
Marie, não sei se é bom ou ruim você arremessar no ventilador blogosférico meus descarregos filosóficos pós-implosões pessoais.
Minha cara, você melhor do que ninguém sabe exatamente, os motivos pelos quais me atiro em buracos negros existenciais. Você contou sobre parte desses motivos em seu último post...mergulharei em águas mais profundas no meu!
O que mais me enfurece nas pessoas? A covardia, a colossal falta de paixão e a acídia. Estes são os grandes males do homem atual, são as pás com que a maioria dos serezinhos humanos vem cavando suas próprias covas espirituais.
Todo santo dia me deparo com isso. Há dias, que logro não abalar-me com esses males humanos e há dias que minha blindagem emocional falha, entro num estado misto de depressão e rancor.
Não importa o tipo de tema, se profissional, familiar, amoroso infelizmente, as pessoas tem tratado tudo com um tremendo pouco caso. É como se nada mais valesse a pena.
Há algo mais desolador que ter que encarar o mesmo quadro ignóbil todos os dias?
E como reclamam! Tudo é difícil, tudo é um sacrifício. Talvez tudo seja mesmo uma imensa...droga, nada fácil de suportar, mas onde é que cada um enfiou a sua fé, sua obstinação?
Pra ser sincera, até imagino onde meteram tudo que lhes falta para viver com entusiasmo, entretanto não faltarei com a elegância neste espaço, omitirei sobre o destino vil que algumas pessoas têm dado para sua fé, obstinação, paixão coragem e garra.
Por que tanto medo em se entregar à busca do novo ou daquelas velhas experiências que dão prazer à alma e ao corpo? O que há? O que passa? Isso me irrita, me adoece sentimentalmente.
Estoy podrida de todo eso!
Pensando e repensando, acredito que a acídia é a matriz geradora dos outros males. Ela não é apenas um vício capital. Não quero entrar em discussões teológicas mesmo porque, penso que nos basta tudo que foi dito por Tomás de Aquino, e quem sou eu para discutir sobre as conclusões de um Santo? Apenas acredito que a acídia é a completa falta de amor próprio, a esperança que os pobres coitados, auto-acorrentado em inércia, têm de que o mundo irá parar de girar e então, tudo se tornará tão podre quanto eles.
Apesar de me aborrecer, recuso-me a engolir essa realidade. Não me serve e não compactuarei com idéias de pobreza de ação e espírito.
Missões, nós artistas temos muitas, a mais árdua consiste em despertar os indivíduos para um viver intenso, comprometido, apaixonado e entusiasmado.
O segredo das belas existências está na capacidade de sublimar poéticas íntimas. Quando são elevadas, transcendem. Lindo, não é mesmo? É melhor que a brisa aromática de um jardim na primavera, no entanto, nada disso combina com leseira.
Se você é um palerma, continue em sua cabaninha enterrada na neve, mas saiba que impotência existencial tem cura, basta você querer ser curado.
Não adianta nada que a Arte tenha um antídoto contra estagnação se os estagnados se recusam a tomá-lo.