Ontem passei algumas horas assistindo a documentários fotográficos. Em um dos documentários, o casal Hilla e Bernd Becher foi lembrado. Essa dupla se especializou em registrar paisagens industriais abandonadas. Falando assim, até parece algo um tanto idiota, não é mesmo? Mas não é tão simples assim o que eles fizeram e por isso, não é idiota! O que eles faziam era fotografar séries em preto e branco de instalações de fábricas, fornos enormes, silos e reservatórios de gás onde, eles simplesmente fechavam os olhos para a funcionalidade destas edificações, as extraiam do seu contexto original e as ordenavam em série, transformando-as em "construções", "estruturas", "objetos". A suposta objetividade das imagens captadas e a encenação criada pelos Becher fizeram dos dois verdadeiras estrelas da fotografia contemporânea.
Pois é, os Becher nos fizeram enxergar meras edificações industriais com outros olhos. Elas ganharam uma nova interpretação. Essa nova visão acompanhada desse novo entender, me fez lembrar da nova exposição que está em cartaz no MoMA.
A Arte pode ter um viés lúdico? Yes, e isso pode ser comprovado na nova edição da Artist’s Choice, pertencente a um dos projetos experimentais do MoMA de Nova York.
Antes de entrar na brincadeira, vale a pena saber o que é o Artist’s Choice. Nesse projeto um figurão das artes é convidado para se debruçar sobre o acervo do MoMA e escolher obras que contenham uma história específica.
A nona edição do projeto, sob a curadoria do fotógrafo e artista plástico brasileiro, Vik Muniz, traz a mostra Rebus (em exposição até 23 de fevereiro). Segundo Nô Mello, colunista da revista Vogue, a inspiração da exposição vem dos jogos de passatempo em que palavras fragmentadas originam outras palavras. Com base nessa idéia, Vik selecionou 80 obras e distribuiu todas em uma só parede.
É uma exposição e um jogo ao mesmo tempo, uma “mostra-instalação”. O objetivo desse jogo é criar uma narrativa por meio das associações feitas entre as obras, sejam de cor, escala ou textura.
Zeca Camargo, em seu blog, diz que para Vik Muniz, a palavra Rebus “evoca a associação livre de idéias, ou seja, uma coisa leva a outra não exatamente pelo som que o nome do que está sendo mostrado tem, mas pelo imaginário que o que ali está representado desperta”. Por ter lido este argumento dias atrás, acabei me lembrando da Rebu enquanto via a tipologia fotográfica construída pelo casal Becher...
Então, em um corredor em “U” de uma sala do MoMA, Vik agregou dezenas de objetos e obras de arte desde a tela Yellow (1951) da série Line From Color de Ellsworth Kelly, ícones pop como o cubo mágico (1974) do húngaro Ernö Rubik, as peças de lego de Building Bricks (1954-58), obra de Gotfried Kirk Christiansen, a gema de ovo de vidro, de Kiki Smith, um papel amassado, feito de metal, de Martin Creed, um trabalho de Rachel Whiteread, uma escultura de Giacometti, uma foto de Nan Goldin, um lápis de madeira, a Bronx Floors (1972-73), de Gordon Matta-Clark, um hambúrguer de plástico num pedestal, entre tantas outras obras e objetos até o próprio “Exit” que encerra a exposição. Um grande jogo, uma gostosa brincadeira que une numa mesma sequência trabalhos e objetos díspares.
Vik esclarece que “tudo depende da ordem em que se vê”. A meta buscada por Vik é despertar a percepção intuitiva de cada visitante. A preocupação com a busca de uma narrativa intuitiva é tanta que ViK nem sequer permitiu que colocassem ao lado dos trabalhos as tradicionais “plaquinhas de identificação” com nome data e materiais de que são feitos, a justificativa dada por Vik Muniz é que “a história da obra não tem a menor relevância aqui”.
Apesar da falta de relevância alegada por Vik, acredito que atitudes como essa não contribuem para a formação de um conhecimento artístico por parte do público. Perde-se uma grande oportunidade de promover os nomes daqueles que ampliam o território da Arte com suas criações. Do meu ponto de vista, a falha dessa mostra reside nesse fato. Não fosse por isso, ela estaria perfeita.
Rebus é uma mostra ativa, pulsante, nela o espectador é intimado a buscar novas interpretações para o que vê, ela permite descobrir coisas, sensações novas a partir de coisas já conhecidas e, é exatamente disso que se trata a Arte.
O cotidiano nos priva dessa amplitude de entendimento sobre o que nos certa. A "vida" do dia-a-dia é limitadíssima, asfixiante e, portanto, quando a Arte nos dá a oportunidade de saltar para fora de nossas limitações cotidianas, devemos aproveitar a oportunidade da melhor maneira possível e sem medo de descobrir novos significados naquelas coisas que estamos cansados de conhecer. Se você vai para uma exposição dessas, pronto para saltar, pronto para novas experiências, você sai dela renovado e preparado para retornar à asfixia cotidiana.
ViK Muniz já está com sua mostra individual “Reflex”, no MAM do Rio de Janeiro. Futuramente, antes da chegada da mostra em São Paulo, escrevei um post sobre seu trabalho.
Pois é, os Becher nos fizeram enxergar meras edificações industriais com outros olhos. Elas ganharam uma nova interpretação. Essa nova visão acompanhada desse novo entender, me fez lembrar da nova exposição que está em cartaz no MoMA.
A Arte pode ter um viés lúdico? Yes, e isso pode ser comprovado na nova edição da Artist’s Choice, pertencente a um dos projetos experimentais do MoMA de Nova York.
Antes de entrar na brincadeira, vale a pena saber o que é o Artist’s Choice. Nesse projeto um figurão das artes é convidado para se debruçar sobre o acervo do MoMA e escolher obras que contenham uma história específica.
A nona edição do projeto, sob a curadoria do fotógrafo e artista plástico brasileiro, Vik Muniz, traz a mostra Rebus (em exposição até 23 de fevereiro). Segundo Nô Mello, colunista da revista Vogue, a inspiração da exposição vem dos jogos de passatempo em que palavras fragmentadas originam outras palavras. Com base nessa idéia, Vik selecionou 80 obras e distribuiu todas em uma só parede.
É uma exposição e um jogo ao mesmo tempo, uma “mostra-instalação”. O objetivo desse jogo é criar uma narrativa por meio das associações feitas entre as obras, sejam de cor, escala ou textura.
Zeca Camargo, em seu blog, diz que para Vik Muniz, a palavra Rebus “evoca a associação livre de idéias, ou seja, uma coisa leva a outra não exatamente pelo som que o nome do que está sendo mostrado tem, mas pelo imaginário que o que ali está representado desperta”. Por ter lido este argumento dias atrás, acabei me lembrando da Rebu enquanto via a tipologia fotográfica construída pelo casal Becher...
Então, em um corredor em “U” de uma sala do MoMA, Vik agregou dezenas de objetos e obras de arte desde a tela Yellow (1951) da série Line From Color de Ellsworth Kelly, ícones pop como o cubo mágico (1974) do húngaro Ernö Rubik, as peças de lego de Building Bricks (1954-58), obra de Gotfried Kirk Christiansen, a gema de ovo de vidro, de Kiki Smith, um papel amassado, feito de metal, de Martin Creed, um trabalho de Rachel Whiteread, uma escultura de Giacometti, uma foto de Nan Goldin, um lápis de madeira, a Bronx Floors (1972-73), de Gordon Matta-Clark, um hambúrguer de plástico num pedestal, entre tantas outras obras e objetos até o próprio “Exit” que encerra a exposição. Um grande jogo, uma gostosa brincadeira que une numa mesma sequência trabalhos e objetos díspares.
Vik esclarece que “tudo depende da ordem em que se vê”. A meta buscada por Vik é despertar a percepção intuitiva de cada visitante. A preocupação com a busca de uma narrativa intuitiva é tanta que ViK nem sequer permitiu que colocassem ao lado dos trabalhos as tradicionais “plaquinhas de identificação” com nome data e materiais de que são feitos, a justificativa dada por Vik Muniz é que “a história da obra não tem a menor relevância aqui”.
Apesar da falta de relevância alegada por Vik, acredito que atitudes como essa não contribuem para a formação de um conhecimento artístico por parte do público. Perde-se uma grande oportunidade de promover os nomes daqueles que ampliam o território da Arte com suas criações. Do meu ponto de vista, a falha dessa mostra reside nesse fato. Não fosse por isso, ela estaria perfeita.
Rebus é uma mostra ativa, pulsante, nela o espectador é intimado a buscar novas interpretações para o que vê, ela permite descobrir coisas, sensações novas a partir de coisas já conhecidas e, é exatamente disso que se trata a Arte.
O cotidiano nos priva dessa amplitude de entendimento sobre o que nos certa. A "vida" do dia-a-dia é limitadíssima, asfixiante e, portanto, quando a Arte nos dá a oportunidade de saltar para fora de nossas limitações cotidianas, devemos aproveitar a oportunidade da melhor maneira possível e sem medo de descobrir novos significados naquelas coisas que estamos cansados de conhecer. Se você vai para uma exposição dessas, pronto para saltar, pronto para novas experiências, você sai dela renovado e preparado para retornar à asfixia cotidiana.
ViK Muniz já está com sua mostra individual “Reflex”, no MAM do Rio de Janeiro. Futuramente, antes da chegada da mostra em São Paulo, escrevei um post sobre seu trabalho.
Anthus da Geb, obrigado pela sua visita e participação no meu blog, ao deixar sua opinião nos comentários.
ResponderExcluirAgora que descobri seu blog, voltarei aqui para ler os posts mais antigos, e pode esperar que deixarei alguns comentários.
Espero que realize seu importante sonho de artista!
Olá Andre!
ResponderExcluirSaiba que é sempre bem-vindo a este espaço.
Eu e Marie estamos batalhando por nossos sonhos artísticos, estamos plantando e esperamos colher!
Um dia dexarão de ser sonhos e se tornarão algo real...palpável.
Gracias por compartir tu sabiduría.
ResponderExcluirMe encanta tu blog,una entrada interesante.
Un beso y hasta pronto.
qual o foco pessoal dos projetos de vik muniz?
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