terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Picasso, Galliano, da Geb e Madame de Borchgrave: quando arte e moda confluem para poéticas replay (Parte I)

Picasso pintou alguns arlequins durante seu percurso como pintor.
Onde nasce esta “queda” por arlequins? Acredito que tudo começou depois de seu envolvimento com o mundo do espetáculo (Ballet Russo, Diaghilev...). Desse “caldo teatral” surgiu o flerte com a commedia dell’arte, que acabou originando as centelhas inspiratórias que criaram os seus arlequins.

“Pablo vestido de Arlequim”
Pablo Picasso
1924
Óleo sobre tela
Dimensão: 130cm x 975cm
Acervo do Museu Picasso em Paris (França)


Imaginaria Picasso que, no futuro, seus arlequins inspirariam um desfile de alta-costura em Paris?
Em 2007, outro espanhol, Juan Carlos Antonio Galliano, mais popularmente conhecido como John Galliano, no 60º aniversário da criação da Maison Christian Dior apresentou um luxuoso desfile de vestidos inspirados em seus pintores preferidos e suas obras. Picasso foi um dos eleitos e seus arlequins foram as obras escolhidas por Galliano para inspirar um de seus modelos.


Modelo criado por John Galliano para desfile comemorativo da Maison Dior

No mesmo ano de 2007, da Geb, inspirada por Galliano e seu modelito Picasso-para-vestir, pinta um close-up do arlequim de Galliano.


Arlequim
Anthus da Geb
2007
Pastel sobre papel Kraft
Dimensões: 297cm x 420cm
Coleção Particular

Eis o ciclo sagrado: da arte para moda, da moda para arte.
A poética se repete, porém com novas roupagens dando passagem a novas releituras. Tais reflexões nos permitem parafrasear Lavoisier, afirmando que em arte ou em moda nada se cria tudo se transforma. A paráfrase é pretenciosa? Talvez, no entanto, abre-nos a cortina que separa conversas frugais sobre as Artes humanas das discussões espirituais sobre as contribuições sensoriais das Artes nas vidas humanas.
Descortinada a natureza íntima das sensações, fruto de estímulos artísticos, se torna óbvia a poesia existente na arte em papel de Madame Borchgrave.


Reprodução em papel de vestido de época
Isabelle de Borchgrave


Isabelle de Borchgrave, por meio do “trompe l’oeil”, trouxe para uma efêmera realidade celulósica a vestimenta da Infanta Margarida. Parte de “Las Meninas” de Velázquez deixa de ser imagem ilusória e ganha vida, corporificando uma poética em papel, uma poética repetida e ainda sim, transformada.

2 comentários:

  1. Gostei do HUMOR e do espirito deste blog!

    Parabéns!

    Vou SEGUIR

    E já linkei no VARAL.

    Obrigado por SEGUIR o meu O ULTIMO BLOG!

    Bom Carnaval!A crise só virá depois....

    ResponderExcluir

Entre no jazz! Expresse você também seus pensamentos.